quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Mandela, o doce guerreiro que tece poemas à verdade




O Senhor partiu

Seguiu em direção ao azul mais límpido e cintilante

E seguiu com a simplicidade e os trejeitos singelos e humildes dos virtuosos

Seguiu da forma que sempre fizera na terra dos ímpios: resoluto, confiante, altivo...

Destemido, foi elevando o frágil corpo

passo a passo, vencendo a misteriosa neblina que emoldura o paraíso

O que mais poderia, o Senhor, temer?

Já não enfrentara, em terras africanas, as trevas e as barbáries dos homens-hienas?

Já não houvera sangrado a dor da injúria, a humilhação do açoite?

Já não conseguira desnudar a cantilena e a falácia dos messianistas que tomam gente por manada para conduzi-la a desertos inóspitos

Já não conseguira desmascarar demagogos-revolucionários que tomam gente como boiada para trancafiá-la na ignorância, na servidão?

O que mais poderia, o Senhor, temer?

Bradou pela liberdade e democracia,

Cantou pela independência e justiça

Dançou por oportunidades iguais

Nada de emular o confronto, nada de estimular a desgraça, nada de enaltecer a vingança, nada de rezar racialismo

Não... o Senhor abraçou o ideário do pacifismo

Acalentou o perdão e a convergência

Ignorou o miasma nauseabundo que exala do passado

E fixou os olhos de lince no quadrante futuro, no amanhã que purga os erros e liberta... liberta

Sim, o Senhor se apresenta ao Senhor... e não se envergonha...

Divertem-se,

Os céus celebram em festa

Os Senhores cantarolam as canções dos justos,

Entoam os compassos dos valentes,

Desenham a escrita dos que tecem poemas à verdade
Rodoux Faugh