O
Senhor partiu
Seguiu em direção ao azul mais límpido e cintilante
E seguiu com a simplicidade e os trejeitos singelos e humildes dos virtuosos
Seguiu da forma que sempre fizera na terra dos ímpios: resoluto, confiante, altivo...
Destemido, foi elevando o frágil corpo
passo a passo, vencendo a misteriosa neblina que emoldura o paraíso
O que mais poderia, o Senhor, temer?
Já não enfrentara, em terras africanas, as trevas e as barbáries dos homens-hienas?
Já não houvera sangrado a dor da injúria, a humilhação do açoite?
Já não conseguira desnudar a cantilena e a falácia dos messianistas que tomam gente por manada para conduzi-la a desertos inóspitos
Já não conseguira desmascarar demagogos-revolucionários que tomam gente como boiada para trancafiá-la na ignorância, na servidão?
O que mais poderia, o Senhor, temer?
Bradou pela liberdade e democracia,
Cantou pela independência e justiça
Dançou por oportunidades iguais
Nada de emular o confronto, nada de estimular a desgraça, nada de enaltecer a vingança, nada de rezar racialismo
Não... o Senhor abraçou o ideário do pacifismo
Acalentou o perdão e a convergência
Ignorou o miasma nauseabundo que exala do passado
E fixou os olhos de lince no quadrante futuro, no amanhã que purga os erros e liberta... liberta
Sim, o Senhor se apresenta ao Senhor... e não se envergonha...
Divertem-se,
Os céus celebram em festa
Os Senhores cantarolam as canções dos justos,
Entoam os compassos dos valentes,
Desenham a escrita dos que tecem poemas à verdade
Rodoux Faugh